13 de abril de 2025

Inteligência Artificial x Consultora de Imagem – quem ganha?

C0luna publicada Jornal O Vale em 12 de abril 2025

 

Leia a coluna completa

 

Inteligência Artificial x Consultora de Imagem – quem ganha?

Dia desses, por pura curiosidade, me aventurando na inteligência artificial, resolvi testa-la com situações do meu dia a dia envolvendo estilo, moda e imagem. Confesso que de início foi por pura curiosidade mesmo – lembra daquilo que sempre digo: antes de ser interessante precisamos ser interessadas – mas em um segundo momento busquei entender como ela me substituiria na Consultoria de Imagem.

Pedi dicas de estilo, daquelas que eu, como consultora de imagem, passo horas construindo com minhas clientes. Será que, em um futuro próximo, vamos trocar o olhar atento de uma profissional por um algoritmo bem treinado?

Sentei com meu café, abri o chat e joguei a pergunta: “Como monto um look elegante pra uma reunião importante?” A resposta foi rápida, cheia de palavras como “blazer estruturado”, “calça de alfaiataria” e “cores neutras”. Parecia um manual genérico de moda (ou uma daquelas dietas genéricas) – útil, sim, mas sem alma – uma lista daquelas que carregam a impressão de estarmos evoluindo, mas na verdade é mais um manual “de prateleira”.

Próximo teste, coloração pessoal. Já imaginou explicar pra uma máquina que o tom de pele de uma cliente tem um subtom quente que brilha com amarelo mostarda, mas apaga com cinza frio? O resultado foi genérico, faltando o essencial: entender que cada pessoa é um universo, que apesar da pele ficar radiante com um violeta, a estratégia de imagem pede um bordô.  Isso não é só técnica – é sensibilidade, é escuta ativa, é olhar nos olhos e ver além do óbvio.

Depois parti para a intencionalidade do vestir. Perguntei pra IA: “O que eu uso pra me sentir confiante para uma palestra?” A resposta? “Uma peça que você goste e que seja confortável.” Ok, não está errado, mas até onde sei minhas clientes precisam de um mergulho mais fundo. Uma consultora sabe que confiança não vem só do tecido que não aperta, da peça de alfaiataria bem cortada – vem da história por trás da escolha. Uma cliente minha, por exemplo, me disse que se sentia poderosa com saia mídi e salto alto, mas testamos juntas e ela percebeu que nos finais de semana, a mesma saia com tênis, trazia conforto e ainda assim a fazia caminhar de “cabeça erguida”. A IA não capta essas nuances, esses “porquês” que transformam uma roupa num escudo ou numa celebração.

Em outro exemplo, pedi um look pra um jantar descontraído. Veio jeans, camiseta e um blazer – de novo, o básico seguro.Cadê o borogodó, a individualidade, a intencionalidade? E se de repente o meu “descontraído” for um vestido leve, com tênis e acessórios statement, enquanto pra outra é um moletom com saia em couro?

Por fim cheguei à conclusão que testar a IA foi divertido. Não vou negar que ela pode sugerir, listar, até inspirar em dias de bloqueio criativo. Mas substituir uma consultora de imagem? Sem puxar sardinha para o meu lado – duvido!Ela dificilmente entenderá seus medos, sonhos e desejos. Não perceberá quando uma produção dá aquele “click” e faz seus olhos brilharem (amo ver esse brilho nos olhos das clientes ao prepararmos uma produção que ela nunca imaginou com peças que já estavam no guarda-roupa dela)

Há quem diga que minha avaliação pode ser ingênua, que ainda iremos nos surpreender (ou nos assustar) com a IA, mas vestir é arte e carrega camadas de rotina, humor, personalidade e muita sensibilidade, coisas que nenhum algoritmo por mais bem treinado que seja, entenderá.

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