Coluna publicada Jornal O Vale em 18 de janeiro 2025
Os dois vestidos do momento e a força de uma imagem
Meados de janeiro e já temos dois vestidos que geraram polêmica nas redes. De um lado há quem tenha gostado, do outro críticas. Não vou trazer para a coluna que tais polêmicas envolvendo ambos os vestidos, carregam pitadas meio que de “pano de fundo” para outros tantos temas (de lei Rouanet a maternidade). O foco aqui será todo o questionamento em torno das escolhas de duas mulheres que de alguma forma foram destaque da imprensa: Fernanda Torres com sua escolha para o Globo de Ouro e Sabrina Sato para seu casamento (assinado por Giambattista Valli).
Vou começar pela escolha da Sabrina. Na minha opinião o vestido da noiva precisa ter uma conexão com a cerimônia como um todo, mas é importantíssimo ter a ver com a própria noiva, com sua personalidade e seu sonho. E honestamente, acho que a Sabrina fez uma escolha “dela mesma”, bastante coerente com a imagem dela, de como ela se apresenta já há bastante tempo. Ou seja, cuidado com as críticas referentes a estética do vestido, pois certamente estará carregada de opinião pessoal. Logico que não foi um modelo, digamos, fácil – não é para qualquer uma, apesar de ser uma verdadeira obra de arte – mas inegável que á a cara, a imagem e o estilo da noiva.
Sobre Fernanda Torres a polemica vai além de um único vestido. Vi fortes questionamentos sobre a escolha do guarda-roupa utilizado por ela durante toda a divulgação do filme e a presença de uma única peça assinada por um estilista brasileiro, Alexandre Herchcovitch.
O guarda-roupa de divulgação foi composto por marcas de renome internacional e que refletiu a mesma linha de estilo escolhido para toda a maratona de entrevistas, premières e festivais ao redor do mundo – Chanel, Bottega Veneta, Phoebe Philo, Max Mara, Dior – e claro, o vestido da grande noite (longo preto, com mangas compridas, gola alta, decote nas costas e fenda discreta na perna), assinado pelo estilista belga Olivier Theyskens.
As criticas sobre as escolhas de Fernanda seguiram dois caminhos, a ausência de marcas nacionais e a próprio estilo do vestido escolhido para a grande noite que como explicou a própria Fernanda: “Você não pode ir vestida com uma coisa que não é. E a gente não pode trair a Eunice. A maneira como me apresento num tapete vermelho tem a ver com o Walter Salles, com a Eunice Paiva, com o filme. Você não pode ir vestida de Cinderela indo mostrar um filme como Ainda Estou Aqui”.
Ou seja, assim como Sabrina Sato, e como sempre faço questão de reforçar, o que vestimos sempre irá comunicar algo, faz parte de nossa comunicação não verbal. Ingenuidade de quem negligência essa questão. Ingenuidade de quem “falsifica” essa questão vestindo algo que não está atrelado as suas ideias, propósitos e objetivos pessoais.
E sobre a ausência de mais representantes da moda nacional, precisamos entender que moda é arte, mas também é business – a cada tapete vermelho, première, entrevistas, festivais que passou Fernanda, foi necessário fazer os holofotes virarem para ela. É preciso conversar com sua audiência, quebrar qualquer ruido que possa existir, causar uma boa impressão e, estar vestida com marcas que constantemente passeiam por esses ambientes é parte estratégica. “Ahhh, mas marcas brasileiras também teriam arrasado”. Com certeza! Mas não é sobre isso, é sobre usar marcas relevantes mundialmente, que chame a atenção da mídia especializada da mesma forma que estarão olhando para todas as outras atrizes.
Para nós fica a reflexão de que, antes de vender, você se vende! Pense nisso!